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Não entre

No jogo do fazer

No jogo do jogo

O que é possível imaginar?

O que é possível sentir?

O que é possível conhecer?

O que é possível simbolizar?

O que é possível associar?

O que é possível manifestar?

Presentificar o ausente

Tornar ausente o presente

Evocar o corpo

E sua história alquímica

A metacognição

Que vem da travessia

E uma única opção:

a libertação.

Te amo pai

No Museu do Ipiranga,

Não esperava encontrar uma seção de brinquedos antigos.

Dei de cara com o meu passado várias vezes.

E com o meu pai.

Metalúrgico, como o presidente Lula.

Também perdeu um dedo nas máquinas.

Me trazia brinquedos de metal, feitos por ele.

Quase todos os dias.

Tinha mesa, cadeira, cama, fogão.

Uma casa inteira feita por um homem que tirava seu tempo para o amor.

*

Ao me deparar com isso, desmontei.

Não esperava isso em um museu repaginado para críticas coloniais.

Chorei como deveria ter chorado no dia em que, no leito de morte, ele me disse que não podia ir porque eu ainda precisava dele.

Eu tentei ficar firme.

Ele não.

Primeira e última vez que vi meu pai chorar.

*

Pai, sua morte é insuperável.

Aprendi que há dores que nunca são curadas.

Não importa o tempo.

Sigo aqui. Sempre precisarei de você.

Te amo pai.

Das coisas que carrego, você é uma das lembranças mais belas.

As felicidades não estão só na alegria.

Dentre tanta positividade tóxica e sucessos dopaminérgicos…

Chorar por você é feliz; pois, verdadeiro.

A mim, só importa a verdade.

*

Não tenho mais a casa de metal que você me deu.

A assinatura em um caderno velho também se desfez.

Carrego a dor da sua morte.

Essa nunca morrerá.

Sigo com essa bela e feliz-triste verdade dentro de mim.

Vivi a verdade com você.

*

Obrigada por isso.

Pela sua vida.

Pela minha vida. 

Obrigada por essa dor.

Frenesi

A bad trip que deu certo

A pré-consciência

not enough to drown, not enough to swim

O frenesi do entre

Porque é. Porque será. Porque foi.

Eu e eles

Em casa

De Berlim e do Amazonas e da Baixada

Para São Paulo.

Um amor infinito

Obrigada por tudo

Conexões que atravessam décadas

As meninas

As fofocas da escola

Os meninos que gostam e dizem não gostar

Os beijos em meninas

Possibilidades…

Sonhos…

Essas mãos que atravessam os tempos

Chegarão ao futuro que tanto almejam

E a reflexão:

Como voltar para esse tempo-atemporal?

Talvez isso seja transcendência

Não é preciso se preocupar em viver o presente

Porque, em alguns instantes, tudo apenas é.

Não há

O olhar de Deus

O outro

Os provérbios

As regras

Os caminhos

Como é?

Como é?

Ser a sua própria fonte?

Eleu

Eu e ela

Eleu

Em meio a buscas,

Os desencontros.

Da felicidade que está em outro lugar

Entre meias-palavras,

O adeus.

Ficam os sorrisos

Que tanto dizem

Que tanto escondem.

4.48 Psychosis

“It wasn’t for long, I wasn’t there long. But drinking bitter black coffee I catch that medicinal smell in a cloud of ancient tobacco and something touches me in that still place and a wound form two years ago opens like a cadaver and a long buried shame roars its foul decaying grief.”

Sarah Kane. Musa.

[4.48 Psychosis was first performed at the Royal Court Jerwood Theatre Upstairs, London, on 23 June 2000.]

The original gianti

Achar o ouro no escuro.

Nem medo da minha sombra

Nem da do outro

Que cada um corra

Ou fique

Ou invente as desculpas que quiser

E assim os ciclos se repetem

Os que querem comandar os outros

Veêm sua mentira ecoar

No oco daqueles que acham que precisam de mestres

E de recalques e razões

Os vazios se alimentam

Nós

11 anos, reconstruindo.