Gustav Aschenbach era o poeta de todos aqueles que trabalham à beira da exaustão, dos que carregam um fardo superior a suas forças e, mesmo esgotados, se mantêm ainda de pé, de todos esses moralistas que têm por máxima o dever de produzir e que, de porte franzino e dispondo de meios precários, à custa de prodígios de vontade hábil organização, conseguem obter, ao menos por algum tempo, efeitos de grandeza. Há muitos deles: são heróis dessa época. E todos eles se reconheciam na sua obra; nela se encontravam justificados, poeticamente enaltecidos e, cheios de gratidão, difundiam seu nome.

 

(Thomas Mann)